O dia 7 de setembro foi marcado por um grande evento de oposição ao governo Lula, que lotou a Avenida Paulista, em São Paulo. Nele, o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) começou o seu discurso falando que foi eleito em 2018 por uma “falha no sistema”, se referindo às pessoas que comandam os poderes. Bolsonaro discursou por volta das 16h deste sábado (7), com a voz rouca em decorrência de um quadro gripal.
Instantes depois, Bolsonaro se mostrou irritado por causa de um carro de som próximo ao evento de um opositor que ele gritava contra o ex-presidente. “Não sou governador, mas peço que a PM arranque o cabo da bateria desse carro”, disse.
Ainda reclamou do manifestante anti-Bolsonaro: “Se esse picareta quer fazer um evento, anuncie, convoque o povo e faça. Não atrapalhe pessoas que estão lutando por algo muito sério no nosso país”.
O ex-presidente criticou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e disse que ele “escolhe os seus alvos”, citando o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, mas não falou em impeachment. “Espero que o Senado Federal bote um freio em Alexandre de Moraes, esse ditador que faz mais mal ao Brasil que o próprio Luiz Inácio Lula da Silva”, ressaltou.
Procurado, o ministro Alexandre de Moraes disse que não vai se manifestar sobre as críticas.
Em sua fala, também criticou o seu sucessor, o presidente Lula, a quem chamou de impopular. “Podemos ver um time ser campeão sem torcida, mas presidente sem povo é a primeira vez que nós estamos assistindo na história do Brasil.”
Bolsonaro ainda se defendeu das acusações dos atos golpistas contra os Três Poderes no 8 de janeiro e os chamou de “catarse”. “Aquilo jamais foi um golpe de estado, e estamos vendo que pessoas ainda serem julgadas e condenadas como integrantes de um grupo armado que visava mudar o nosso estado democrático de direito”, declarou.
Assim como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Bolsonaro também defendeu a anistia aos presos: “Essas condenações do 8 de janeiro nós temos que, através de uma anistia, beneficiar essas pessoas que foram injustamente condenadas”.
Aliados
Bolsonaro chegou no evento organizado por aliados por volta das 14h30, acompanhado do governador Tarcísio de Freitas. O principal alvo da manifestação era o ministro do Supremo Alexandre de Moraes.
O protesto durou cerca de duas horas. A estimativa de público não foi divulgada até a publicação desta reportagem. Milhares de pessoas se espalharam pela avenida Paulista.
Ao longo de várias quadras da via, manifestantes carregavam faixas pedindo o impeachment de Moraes e declaravam apoio a Elon Musk, o bilionário dono do X (antigo Twitter), que apoia movimentos de extrema direita.
Antes de Bolsonaro, parlamentares discursaram na mesma linha de ataque ao magistrado. O senador Magno Malta (PL-ES) cobrou que seus colegas de Senado apoiassem um dos pedidos de impeachment que estão tramitando no Congresso. Não há previsão de que essas solicitações sejam pautadas.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi ministro de Bolsonaro, não tratou do impeachment de Moraes em seu discurso. Limitou-se a elogiar o ex-presidente e defendeu a anistia. Já o filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) chamou Moraes de psicopata.
Também estiveram no palanque principal do evento, mas sem discursar, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Candidato à reeleição, Nunes foi embora antes dos principais discursos.
Já o candidato a prefeito de São Paulo Pablo Marçal (PRTB), chegou na avenida Paulista após a fala do ex-presidente. Correu no entorno do carro de som, cumprimentou eleitores e não discursou. Nunes é o candidato oficial de Bolsonaro na capital paulista, mas Marçal tem conseguido o apoio de boa parte dos bolsonaristas por ter um discurso tão radical quanto o do ex-presidente.