Ao se falar publicamente pela primeira vez sobre a eleição na Venezuela, o presidente Lula(PT) amenizou as criticas sobre uma possível fraude nas eleições. Também eleito de forma questionável, o petista afirmou que o processo é normal e disse que é preciso que as autoridades locais apresentem as atas de votação. A declaração foi dada em entrevista exclusiva na manhã desta terça-feira (30) no Palácio da Alvorada à TV Centro América, afiliada da TV Globo em Mato Grosso.
Assim como fez ao falar sobre a invasão da Rússia à Ucrânia, quando colocou as vítimas na condição de agressores, Lula disse que a possível fraude eleitoral promovida por seu aliado é uma “briga” entre Maduro e a oposição.
“Como vai resolver essa briga? Tem que apresentar a ata. Se a ata tiver dúvida, a oposição entra com recurso e vai esperar na justiça um processo. E aí teremos uma decisão. Estou convencido que é um processo normal, tranquilo. As pessoas que não concordam têm o direito de se expressar e o governo tem o direito de provar que está certo”, disse
A fala de Lula tem uma carga de cinismo. Primeiro porque ele sabe que, desde 2015, o poder judiciário da Venezuela é controlado por Maduro e, mesmo assim, sugere como saída a oposição recorrer à justiça. Outro ponto é que Lula está intencionalmente dando o tempo que Maduro precisa para forjar as atas das eleições e apresentar atas manipuladas, como forma de legitimar a fraude.
Lula também amenizou a nota do PT, que reconhece a eleição do ditador venezuelano.
“A nota do Partido Trabalhador reconhece o povo venezuelano pelas eleições pacíficas e, ao mesmo tempo, reconhece que o Colégio Eleitoral, o Tribunal Eleitoral, já reconheceu o Maduro como vitorioso, mas a oposição ainda não. Então, tem um processo, mas não tem nada de grave, não tem nada assustador. Eu vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a Terceira Guerra Mundial. Não tem nada de anormal. Teve uma eleição, teve uma pessoa que disse que teve 51%, teve outra pessoa que disse que teve 40 e pouco por cento. Um concorda, outro não. Entra na justiça, a justiça faz”, acrescentou.