Às vésperas de uma das campanhas que promete ser uma das mais barulhentas da história, o caso do suposto esquema de corrupção no Ministério da Educação (MEC), envolvendo pastores evangélicos, não passaria despercebido sem exploração eleitoral. Ontem, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse já ter reunido as 27 assinaturas necessárias para instauração da CPI do MEC. Hoje, membros da base do governo no Congresso iniciaram a operação apaga fogo, no sentido de convencer senadores e retirar apoios à CPI, antes que o pedido de abertura seja protocolado.
O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira é quem encabeça a força-tarefa para blindar o presidente Bolsonaro do desgaste de mais uma CPI. É claro que pouco a população sabe sobre o desfecho dessas comissões, assim como aconteceu com a recente CPI da Covid, que tentava incriminar o presidente, por atos do governo na gestão da crise de saúde da pandemia.as enquanto duram as comissões, acontece uma enxurrada de suspeitas, sob muito holofotes que, no mínimo, criam dúvidas na cabeça dos eleitores e o desgaste político é inevitável.
Dessa vez o barulho já começa antes mesmo do pedido de CPI seja oficializado. Ontem, a senadora Rose de Freitas (MDB-ES) denunciou que estaria havendo fraude na coleta de assinaturas para instalação da CPI. “Não assinei a CPI e no entanto meu nome constava no rol de assinaturas”, disse.
Interlocutores do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), dizem que ele não pretende dar aval à iniciativa, para evitar que a Casa se transforme em ringue eleitoral. Na CPI da Covid, porém, apesar de ele ter protelado o pedido, o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou que o colegiado fosse autorizado. Por isso, o governo tenta “matar” a iniciativa na origem, impedindo que Randolfe consiga reunir o apoio necessário.