Seria hoje o dia em que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) anunciaria sua saída do cargo para concorrer à Presidência da República. Mas o tucano surpreendeu aliados e auxiliares ao comunicar que não será mais candidato a presidente. O anúncio deflagra uma crise no PSDB, onde Doria obteve vitórias e derrotas internas, chegando a se dizer abandonado pelo partido. O vice-governador, Rodrigo Garcia, apontado por Doria como CEO do governo e que assumiria a titularidade, pediu demissão da Secretaria de Governo, onde estava lotado. Em outro momento Garcia chegou a chamar Doria de traidor.
A crise entre o governador e o vice se deve à promessa feita por Doria há cerca de três anos, que deixaria o cargo para concorrer à Presidência e apoiaria a eleição de Rodrigo. Agora, sem o cargo de titular do governo, Garcia disse que não vai para a disputa, que provavelmente será contra Fernando Haddad (PT). A rejeição a Doria já existente no eleitorado paulista e a nova crise, com o fico do tucano, inviabilizaria a candidatura de Rodrigo.
Aliados de Doria, no entando, esperam uma reversão da desistência do tucano, até o final da tarde de hoje, quando se encerra um congresso de municípios no Palácio dos Bandeirantes. Para eles, o objetivo do anúncio do governador era dar um xeque-mate no PSDB. Mas o tiro pode ter saído pela culatra. Dois aliados tucanos de Doria, o chefe da Casa Civil Cauê Macris e o deputado Carlos Sampaio, foram à casa do irmão do governador, Raul, para tentar demover o político da decisão. Explicaram que o apoio ao governo paulista na Assembleia Legislativa iria evaporar, implodindo todo o projeto de mais de duas décadas de poder do PSDB.
O partido está rachado desde as prévias vencidas por Doria no fim do ano passado, derrotando Eduardo Leite, governador gaúcho que deixou o cargo na semana passada, mas permaneceu no partido com a promessa do grupo liderado pelo deputado Aécio Neves (MG) de tentar ter a legenda para disputar a Presidência.
O desempenho fraco na última pesquisa Datafolha e o apoio de uma ala do partido à pretensão de Eduardo Leite (PSDB-RS) de virar a mesa das prévias tucanas e ser escolhido candidato ao Planalto,
estariam motivando o governador de São Paulo a abrir mão da disputa presidencial.