A Polícia Federal prendeu nesse domingo (24) dois mandantes e o mentor intelectual do assassinado da vereadora Marielle Franco, do Rio de Janeiro. Todos são ligados à esquerda e um deles era da confiança da vítima. O conselheiro do Tribunal de Contas do RJ, Domingos Brazão e o irmão dele, deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil) são apontados como mandante do crime. Já o ex-chefe da Polícia Civil do RJ, Rivaldo Barbosa, foi quem planejou detalhadamente o assassinato de Marielle.
Segundo a PF, o crime foi motivado por expansão de território de milícias no Rio de Janeiro e por disputa política, envolvendo a aprovação de um projeto de lei na Câmara Municipal do Rio, que falava de regularização fundiária e direito à moradia. Isso porque as terras contempladas pelo PL eram de interesse de Domingos Brazão, que além de milícias, mexia com grilagem de terras.
— Me parece que de todo o volumoso conteúdo de documentos que recebemos, esse é um trecho extremamente significativo que mostra pelo menos a motivação básica do assassinato da vereadora Marielle Franco. Ela se opunha justamente a esse grupo que, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, queria regularizar terras para usá-las com fins comerciais, enquanto o grupo da vereadora queria utilizar essas terras para fins sociais, fins de moradia popular — explicou Ricardo Lewandowski, atual ministro da Justiça.
Foi então dos irmãos Brazão a decisão de que Marielle deveria ser assassinada. Rivaldo Barbosa foi acionado para o plano, porque ser uma pessoa da confiança da vereadora. Ele assumiu a chefia da Polícia Civil um dia antes do assassinato. Durante o segundo semestre de 2017, Rivaldo usou da confiança para mapear todos os passos de Marielle e, em cima disso, planejar como ela seria morta.
Após o crime, já como chefe da PC, Rivaldo esteve o tempo todo ao lado da família de Marielle, abraçando a mãe e a irmã, prometendo empenho para desvendar o caso, dissimulando que ele próprio era um dos envolvidos.

Ligação com o PT
Domingos Brazão é um político que se tornou forte no Rio de Janeiro, considerado controlador dos votos dos cariocas. Por isso, ele era sempre bem recebido e procurado por políticos de todos os lados. Em 2014, apoiou a reeleição de Dilma Rousseff (PT) e desde então passou a estar muito próximo ao Partido dos Trabalhadores.
Em janeiro desse ano, o vice-presidente nacional do PT saiu em defesa de Domingos, já sobre a suspeita de envolvimento na morte de Marielle. “Eu conheço o Brazão e sou amigo dele! Não só não acredito que ele fizesse uma brutalidade dessas, como o conheço na política e isso é coisa de gente sem capacidade política”, disse o deputado federal Washington Quaquá (PT-RJ), em entrevista á CNN.
Na ocasião o petista disse ainda que o assassino confesso é “ligado ao movimento bolsonarista”, se referindo ao PM, Ronnie Lessa, que já estava preso pelo crime e que delatou os irmãos Brazão e Rivaldo, presos nesse domingo (24).