Em meio a pautas de reexistências no Brasil e no mundo, a exemplo da preservação do meio ambiente e do clima, a participação de artistas indígenas tem se tornado cada vez mais marcante. No Nordeste, a artista indígena contemporânea Juliana Xukuru, que atua entre os estados de Pernambuco e Paraíba, representada pela Galeria Gamela (@galeriagamela), é uma das concorrentes ao Prêmio Pipa Online 2025, um dos maiores do Brasil.
No campo da arte contemporânea, a indicação da artista marca a presença dos povos indígenas em lugares antes pouco ocupados e que têm se tornado também mecanismos de visibilidade para as lutas dos povos originários do Brasil.
“Para nós, artistas indígenas, sobretudo, mulheres, participar desse prêmio é muito importante porque dá visibilidade aos nossos povos indígenas da região Nordeste que, por muito tempo, foram invisibilizados, inclusive pelos próprios livros de História”, comenta a artista.
Para ela, esse prêmio é uma vitrine para que os povos indígenas possam transparecer seus corpos enquanto protagonistas das diferentes lutas, pela natureza, pelo bem viver, pelo clima, pelo bem-estar das mulheres e das mulheres indígenas.
“São elas, desde as nossas matriarcas, que sustentaram a natureza das diversas formas de práticas de trabalho, de cuidados, desde fornecer os alimentos até a preservação das plantas, dos medicamentos. O Prêmio Pipa é muito importante para a gente, na medida em que nos colocamos como protagonistas de um lugar que também é nosso”, pontua Juliana Xukuru.
O valor do prêmio, caso seja contemplada,tem vários sentidos para a artista, além da questão monetária. “Ele vai todo para as mulheres indígenas no meu território para a gente trabalhar projetos culturais. Mais um motivo para que as pessoas possam votar na Juliana Xukuru e também nos povos indígenas da Paraíba que eu também represento”, acrescenta.
Live – Na próxima segunda-feira (18), a artista Juliana Xukuru participa de uma live junto com as Moaras, um coletivo de mulheres indígenas da Paraíba, da aldeia de Gramame. Elas vão conversar sobre pautas culturais, artísticas e sociais. “Também vamos pedir votos para que eu possa estar à frente dessa luta, transparecendo os povos aqui da Paraíba”, ressalta.
Com uma atuação que transita entre a aldeia e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Juliana Xukuru demarca o espaço da arte contemporânea no Brasil e no exterior, evidenciando não apenas a presença de seu povo Xukuru, de Pernambuco e o estado da Paraíba, mas, sobretudo, a importância da natureza e dasmulheres indígenas enquanto protagonistas delutas por um bem viver para toda a mãe terra e a sociedade.
É neste sentido que a artista faz do seu trabalho poético um espaço de mediação a partir do qual realiza também um chamado para outros indígenas e não indígenas em prol de diferentes pautas sociais.
Votação – A votação do segundo turno do Prêmio Pipa online começa na próxima segunda-feira (18) e segue até o domingo (24), à meia–noite. Para votar na artista, acesse o link https://www.premiopipa.com/juliana-xukuru.
Sobre a artista – Juliana Xukuru é Representante dos Povos Indígenas na Comissão Nacional de Incentivo à Cultura, vinculada ao Ministério da Cultura (2013 – 2025). Ela tem Mestrado em Artes Visuais pela Universidade Federal da Paraíba (2019); é ganhadora da Bolsa de Residência Artística França – Brasil, Museu Oficina Brennand, Embaixada da França no Brasil, Usina de Arte e Galeria Paradise – Nantes (FR–2024).
Texto: Lucilene Meireles.
Fotografia: Cristina Maranhão e arquivo pessoal da artista.