Devidamente orientado e seguindo a estratégia dos advogados de defesa, o policial militar reformado Antônio Francisco Sales, de 81 anos de idade, alegou que não lembrava de nada sobre o momento em que matou o professor de matemática, Luecir Brito, de 49 anos. Permanecendo em silêncio na maior parte do interrogatório feito pela Polícia Civil, o acusado deixou claro que a defesa vai apostar na tese de insanidade mental, para tentar livrá-lo da cadeia, trocando uma muito provável condenação por homicídio qualificado por uma internação compulsória.
O crime aconteceu no início da manhã dessa terça-feira (12), no bairro José Américo, em João Pessoa, na porta da escola particular em que o professor dava aula. Ele estava chegando para o trabalho, acompanhado da filha adolescente, que estuda na mesma escola e que assistiu a cena do pai ser executado com cinco tiros, disparados pelo policial militar.
A execução foi gravada por câmeras de segurança de prédios vizinhos. As imagens mostram que Antônio Francisco chegou pelas costas da vítima e já abordou dando o primeiro tiro na cabeça do professor. Também mostram o desespero da adolescente tentando impedir que o pai fosse morto. Ela chega a ser empurrada no momento em que o PM chega.
Silêncio estratégico
O depoimento de Antônio Francisco foi conduzido pelo delegado Diego Garcia, da Delegacia de Homicídios da Capital. Segundo o delegado, sempre que eram feitas perguntas sobre possíveis ligações do PM com o professor, a exemplo de se eles se conheciam, se houve algum contato anterior ao crime, alguma discussão, o acusado ficava em silêncio. Ele estava orientado a não produzir provas contra si próprio.
“Temos um caso típico de homicídio qualificado (por não dar chance de defesa à vítima). Ele efetuou cinco disparos à queima roupa. Indagado se conhecia a vítima e a motivação do crime, por orientação de sua defesa ele permaneceu em silêncio e alegou ter problemas mentais. Familiares da vítima também ouvidos, disseram que não conheciam o acusado e não sabiam da relação dele com o professor”, disse o delegado.